16/06/2021

Review: Doutor Estranho


Doutor Estranho traz um visual hipnotizante, um herói diferente, e ameaças que exigem soluções que vão além da simples pancadaria. Um bom filme para ver e curtir a já conhecida fórmula Marvel sob um novo ponto de vista.
 




Doutor Estranho - Crítica

Depois de explorar o espaço com os Guardiões da Galáxia, o Marvel Studios inaugura o seu universo místico nos cinemas apresentando o Doutor Estranho.

Ao desfilar pela tela conceitos como força espiritual, viagem astral e dimensões paralelas, o filme sai um pouco do lugar comum dos filmes de super-heróis da Marvel e chega até a mostrar algumas cenas mais fortes como as do acidente que mutilou as mãos do doutor, além de filosofar sobre vida e morte.



Os visual do filme, como um todo, está sensacional. Já era de se esperar que uma história focada em magia tivesse bons efeitos, mas a atenção aos detalhes em cada dimensão, as lutas no plano espelho, e as conjurações dos feitiços impressionam pela beleza e pela fluidez na tela. Até mesmo o 3D, que eu considero dispensável na maioria dos filmes, faz diferença aqui, pois foi pensado para oferecer uma experiência ainda mais imersiva ao público. 

Tirando uma ou outra diferença criativa, tal como colocar uma mulher no papel do Ancião, os personagens estão bastante fieis a suas contrapartes dos quadrinhos. Mordo, Wong e a própria Anciã estão ótimos, com boas atuações de seus atores, e a solução encontrada para mostrar o Dormammu foi muito boa, além de visualmente incrível. 

Benedict Cumberbatch parece ter nascido para dar vida ao Doutor Estranho nas telonas. Fisicamente o ator está muito parecido, inclusive nos gestos e nas poses, e sua interpretação também consegue passar toda a transformação do herói, que vai da arrogância ao drama e por fim, ao altruísmo, acrescentando uma ironia fina que combina com sua visão do personagem. 



Um fator que muitos irão reparar é que apesar de abordar temas distintos, Doutor Estranho segue a mesma fórmula de sucesso utilizada pela Marvel em todos os seus outros longas. E isso é tanto um ponto positivo quanto negativo no filme. 

No aspecto positivo, o enredo deixa bastante claro que tudo se passa no mesmo mundo dos Vingadores, fazendo referência a locais, pessoas e acontecimentos pós Guerra Civil. Isso é muito legal pois segue uma continuidade que diferencia os filmes produzidos pelo estúdio de outros filmes do gênero. Um exemplo dessa prática é que os roteiristas introduziram mais uma Joia do Infinito na trama, a quinta de um total de seis, e o seu uso é simplesmente espetacular. 
   

O jeito leve e divertido de contar histórias também é uma característica do estilo Marvel de fazer cinema, e funciona muito bem na maioria das vezes, como por exemplo na cena em que o Doutor Estranho "conhece" o manto de levitação. 

Mas esse mesmo humor, usado em excesso nos momentos mais sérios, soa gratuito e passa a sensação de que o diretor quer aliviar a plateia de qualquer coisa que torne a experiência menos familiar. E esse é um ponto que incomoda um pouco às vezes.   


 
Outra "tradição" negativa dos filmes da Marvel é ter um vilão dramaticamente superficial e subaproveitado. Mads Mikkelsen é um bom ator e tem alguns antagonistas interessantes no seu currículo, mas o feiticeiro Kaecilius, que ele interpreta aqui, não é um desses casos. Kaecilius é um ex-discípulo da Anciã, que tenta roubar seus maiores segredos e trazer Dormammu da dimensão negra para o nosso mundo. Isso é praticamente tudo o que se sabe sobre ele e suas ações se resumem a invadir e lutar para destruir os locais sagrados que protegem a Terra.

Por outro lado, o experiente mago Mordo é um personagem mais bem trabalhado e, a julgar pela segunda cena pós-crédito do longa, deve assumir o posto de maior inimigo do Doutor Estranho nos próximos filmes, assim como já acontece nos quadrinhos.

A primeira cena pós-crédito mostra o Doutor já estabelecido em Nova York, recebendo a visita de um poderoso Vingador.  


Ficha Técnica


Veredito: Com uma proposta diferente, que mostra um herói envolvido num universo místico, lançando magias ao invés de levantar carros ou soltar raios laser pelas mãos, Doutor Estranho é um filme que chama a atenção pelo visual fantástico e pelos temas um pouco mais sérios que os dos filmes habituais da Marvel. Mas, apesar de ser uma franquia nova, o humor, o tom leve e as referências às produções anteriores do estúdio marcam presença aqui, assim como o já tradicional método de focar a história mais no herói do que no vilão. Algumas adaptações livres podem incomodar aos fãs mais puristas, mas acredito que a produção tenha mais acertos do que erros, sendo um ótimo filme que deve agradar a grande maioria do público. 




Galeria






Curiosidades

* Embora este seja o primeiro filme solo de Stephen Strange, ele já havia sido citado em outras oportunidades no universo cinematográfico da Marvel, nos filmes: Thor (2011); Thor: O Mundo Sombrio (2013); Capitão América 2: O Soldado Invernal (2014).

* Benedict Cumberbatch fez um programa de voluntariado em um Centro Budista na Índia, onde lecionou inglês. Ele credita a esse trabalho boa parte de sua preparação para o papel. O ator também declarou que foi atraído ao filme pelo caráter espiritual do roteiro.

* Durante as filmagens, o ator Benedict Cumberbatch entrou em uma loja de quadrinhos, vestido como o heroi e comprou uma HQ do personagem, sem ser reconhecido.

* O diretor de fotografia Ben Davis revelou que a animação Fantasia (1940), da Disney, foi uma fonte de inspiração para o visual do filme.

* Um dos elencos mais estrelados dos filmes da  Marvel, o longa é integrado por uma ganhadora do Oscar: Tilda Swinton e outros três indicados: Benedict Cumberbatch, Chiwetel Ejiofor e Rachel McAdams. 

* Chiwetel Ejiofor contracenou com Benedict Wong em Perdido em Marte (2015) e com Benedict Cumberbatch em 12 Anos de Escravidão (2013).

* Stan Lee, que criou o Doutor Estranho junto com Steve Ditko em 1963, fez sua tradicional participação em filmes Marvel numa cena bem divertida.




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